"Os livros que devoraram o meu pai", de Afonso Cruz
Há muito tempo que queria ler algo do Afonso Cruz. No início do ano comprei este livro porque ouvi imensos elogios ao mesmo e ao seu autor. Quando vi o desafio do mês de Abril do Uma Dúzia de Livros da Rita da Nova, que é ler "Um livro sobre livros", senti logo que tinha que guardar este livro para este desafio porque pareceu-me mesmo o adequado. E não podia te escolhido melhor!
(Retirado de Goodreads)
Afonso Cruz conta-nos a história de Elias Bonfim e do seu pai, Vivaldo. Vivaldo Bonfim era um escriturário que estava sempre a ler romances e clássicos mesmo no trabalho. Perdia-se nos livros até haver um dia em que ficou mesmo perdido dentro da história de um e desapareceu do mundo real. Elias diz não se lembrar do pai porque quando nasceu já o pai cá não estava.
O meu pai só pensava em livros (livros e mais livros!), mas a vida não era da mesma opinião, a vida dele pensava noutras coisas, andava distraída, e ele teve de se empregar. A vida, muitas vezes, não tem consideração nenhuma por aquilo que gostamos."
No dia em que Elias faz 12 anos, a sua avó diz-lhe que já tem idade para conhecer a biblioteca do pai e que foi o mesmo que lhe pediu para lhe entregar a chave quando achasse que ele tinha idade suficiente para isto. É aqui que Elias começa a ler livros para tentar encontrar o pai e para saber mais sobre ele. Começa então a perder-se nos livros tal como o pai e a conhecer as histórias de imensos personagens como o Raskolnikov de Crime e Castigo do Dostoiévski e muitos outros.
Porque nós somos feitos de histórias, não de a-dê-énes e códigos genéticos, nem de carne e músculos e pele e cérebros. É de histórias. O meu pai tenho a certeza, perdeu-se nesse mundo e agora ninguém lhe consegue interromper a leitura.”
Para além disso, na escola ele tem uma paixão por uma rapariga chamada Beatriz, comparando-a mesmo à Beatriz de Dante Alighieri n'A Divina Comédia. Ele não sabe como falar com ela e quando ela lhe diz "Olá" ele não consegue responder mais nada. Beatriz é também a paixão do melhor amigo de Elias, um rapaz a quem chamam de "Bombo" por ser bastante gordo. Bombo tem um papel importante na história e acaba por ser conselheiro de Elias e por lhe contar histórias chinesas.
Um homem chega perto dum rio e diz admirar os peixes porque nadam felizes. O outro pergunta-lhe assim: «Se não és peixe, como sabes que os peixes estão felizes?» E o primeiro responde: «E se tu não és eu, como sabes que eu não sei se os peixes estão felizes?”
Este é mesmo um livro sobre livros e que fala no quanto é possível viajar através deles. Uma coisa que adorei foi o facto de serem referidos tantos livros como o Crime e Castigo, o Fahrenheit 451, o A Ilha do Dr. Moreau, O Estranho caso do Dr. Jeckyl e de Mr. Hyde entre outros.
Os livros encostados uns aos outros, numa prateleira, são universos paralelos!”
É um livro pequeno mas com muito para nos contar. Como podem ver pelo post, houve imensas citações que adorei e que tive mesmo que reler porque eram fantásticas. Apesar de ser considerado um livro recomendado para crianças e jovens, eu acho que é um livro recomendado para qualquer pessoa porque tem muitas mensagens importantes. É, sem dúvida, um livro que pode ajudar a incentivar a leitura e a ensinar o que é o amor pelos livros.
Já leram este ou algum livro do Afonso Cruz? Eu fiquei muito curiosa para ler mais livros dele!
Para além deste livro, vou ler ainda o "The midnight library" sobre livros para o desafio deste mês!