"O Mandarim", de Eça de Queirós
Para o desafio de leitura da Rita da Nova, o Uma Dúzia de Livros, em Março tinha que ler um livro que não tivesse terminado. Por norma não costumo deixar livros por terminar, no entanto, quando olhei para a minha estante vi este livro que me ofereceram quando ainda andava na escola. Lembro-me de o ter tentado ler na altura mas fiquei muito no início e portanto achei que era a altura ideal para o ler! Para além deste tenho o "O Sétimo Selo" do José Rodrigues dos Santos mas não fui capaz de pegar nele outra vez porque lembro-me que não gostei nada do que estava a ler na altura e as opiniões que tenho visto sobre ele também não são as melhores. Talvez noutra ocasião.
Quando Teodoro, em 1880, lê num livro a Lenda do Diabo que é sobre uma campainha que se lhe tocarem morre um mandarim, o velho e rico Ti Chin-Fu, e toda a sua riqueza vai para a pessoa que tocou na campainha. Nessa noite em que está a ler a lenda, o Diabo surge e instiga-o a tocar na campainha. Apesar de Teodoro não ser propriamente pobre, também não é rico e então acabou por ser ceder à tentação, convencido pela vontade de deixar de trabalhar para ter dinheiro. Assim que toca na campainha, tudo muda e Teodoro passa a viver uma vida de luxo e riqueza.
“No fundo da China existe um Mandarim mais rico de que todos os reis de que a Fábula ou a História contam. Dele nada conheces, nem o nome, nem o semblante, nem a seda de que se veste. Para que tu herdes os seus cabedais infindáveis, basta que toques essa campainha, posta a teu lado, sobre um livro. Ele soltará apenas um suspiro, nesses confins da Mongólia. Será então um cadáver: e tu verás a teus pés mais ouro do que pode sonhar a ambição dum avaro. Tu, que me lês e és um homem mortal, tocarás tu a campainha?”
O problema é que não acontecem só coisas boas e vemos também a surgirem, na cabeça de Teodoro, as assombrações do velho mandarim morto na sua cama. Para além disso acaba por sentir a culpa de saber que ao ficar com toda a riqueza do mandarim, a sua família, mulher e filhos, ficaram sem o dinheiro de Ti Chin-Fu e que deviam estar a passar dificuldades.
Todos estes sentimentos fazem Teodoro aventurar-se até à China para encontrar a família do mandarim e para os ajudar. Isto não é uma tarefa fácil e, apesar de fazer algumas amizades, também encontrou alguns problemas e entraves na sua aventura.
Apesar de ter achado um livro interessante, com uma história que nos dá que pensar, não gostei muito do personagem principal. É um livro bastante pequeno e acessível e um pouco diferente de Eça de Queirós d'Os Maias porque é mais conto fantástico e de fantasia da sua era pós-realista.
Já conheciam este livro? Se não, ficaram interessados em ler? E "O Sétimo Selo" já leram? Recomendam?
Entretanto já li o "A noite de todas as almas" e assim que puder passo cá para vos falar sobre ele!